
Técnico lança o primeiro MBE em Space Systems
Arrancou no passado dia 29 de setembro, no Técnico – Campus Oeiras, a primeira edição do Master of Business Engineering (MBE) in Space Systems, um programa pioneiro em Portugal e entre os primeiros na Europa, que pretende responder às exigências do setor espacial global, combinando engenharia, gestão e inovação com uma forte ligação à indústria e à investigação internacional.
O curso, concebido pelo Técnico+, assenta numa metodologia imersiva e orientada para projetos, em que, durante 12 meses, combinará três semanas intensivas presenciais com módulos online em áreas como astrodinâmica, física espacial, comunicações por satélite, inteligência artificial e observação da Terra.
Na sessão de abertura, Rodrigo Ventura, coordenador do programa e professor associado de Robótica e IA no Técnico, destacou a relevância do espaço como motor de inovação: “Este é um curso orientado para problemas reais, baseado em projetos, e com uma ligação muito forte à indústria. A maioria dos estudantes vem da própria indústria, trazendo consigo os desafios que irão ser trabalhados ao longo do ano. O espaço continua a ser a última fronteira da civilização, à medida que caminhamos para estações espaciais comerciais, para a Lua, para a economia espacial e, finalmente, para Marte e além.”
O discurso de Pedro Amaral, Vice-Presidente para a Interface Empresarial, Inovação e Empreendedorismo do Técnico, sublinhou a novidade do modelo, “este é o primeiro MBE em Portugal. Não é um grau superior ou inferior ao mestrado científico, é um passo diferente: uma abordagem inovadora, que assume riscos e que coloca a indústria e a academia internacional no centro do processo de ensino.”
Segundo Pedro Amaral, a aposta passa por “trazer a ciência e a tecnologia para o centro da economia, capacitando os estudantes para transformar o conhecimento tecnológico em novos negócios e modelos de desenvolvimento.”
Manuel Heitor, membro da coordenação técnica e científica do programa, enquadrou o programa no atual momento europeu: “Estamos perante uma nova fase para o ensino superior e para o espaço na Europa. A Comissão Europeia propôs multiplicar por cinco o investimento em espaço e defesa no próximo programa-quadro. O desafio é formar profissionais capazes de responder a este novo contexto, em que o espaço cria mais e melhores empregos e é cada vez mais crítico para a segurança dos cidadãos europeus.”
O antigo ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, destacou ainda que o MBE em Space Systems é uma experiência pioneira na Europa, sendo que “trata-se de um novo modelo de ensino pós-graduado, centrado nos estudantes, baseado em projetos e com forte interação com a indústria, mas também com as forças de defesa e organizações não-governamentais. É um desafio que exige a qualidade dos estudantes, assim como a colaboração multidisciplinar dentro do Técnico.”
O arranque do programa contou ainda com intervenções de especialistas internacionais, que refletiram sobre avanços tecnológicos e o impacto económico do setor espacial. Zachary Manchester (Carnegie Mellon University / MIT) abordou o desenvolvimento de novas tecnologias para satélites, enquanto Jordi Laguarda e Juan Matias Laco (ICEYE) partilharam experiências sobre radar de abertura sintética e a sua aplicação na indústria. Su-Yin Tan (University of Waterloo) destacou a inovação em observação da Terra e geoinovação, e Dianne Gomes (Boston Consulting Group) discutiu a relação entre estratégia empresarial e economia espacial, evidenciando como o setor cria novas oportunidades de negócio e integra-se em cadeias de valor globais.
O MBE in Space Systems surge enquadrado na Constelação do Atlântico, iniciativa europeia de observação da Terra, que reflete a ambição de reforçar a segurança, a sustentabilidade e a resiliência a partir do espaço.
O programa decorre num período de reforço do investimento português no espaço, estimado em cerca de 500 milhões de euros entre 2021 e 2026, valor superior ao total investido nos 25 anos anteriores.
No centro do programa estão os projetos desenvolvidos pelos participantes, em parceria com empresas, start-ups e instituições, que abordam desafios concretos ligados a missões em curso e a estratégias europeias, incluindo iniciativas financiadas pelo NextGenerationEU e o programa European Resilience from Space.
O programa conta ainda com o apoio de parceiros estratégicos — como o CEiiA, a start-up N3O, o CoLAB +Atlantic e a PME MUVU — em colaboração com a Força Aérea Portuguesa e o respetivo Centro de Inovação e Tecnologia Aeroespacial. A estes juntam-se ainda alianças com entidades internacionais de referência, incluindo a ESA, a EUSPA, a ICEYE e a Neuraspace, bem como colaborações académicas globais com o MIT Portugal, a CMU Portugal e a UT Austin Portugal.