Investigadora do Técnico distinguida com Medalha de Honra L’Oreal para as Mulheres na Ciência
Paola Alberte foi premiada na cerimónia de entrega das medalhas, que teve lugar no Pavilhão do Conhecimento, a 27 de maio, em Lisboa.
A investigadora do Instituto de Bioengenharia e Biociências (IBB) do Instituto Superior Técnico e docente da mesma escola, Paola Alberte, foi uma das quatro galardoadas na 21.ª edição do programa internacional da L’Oreal-Unesco – For Women in Science pelo seu trabalho na área da bioeletrónica (combinação de biologia e engenharia eletrónica).
Paola Alberte, galardoada com uma Bolsa de Pós-Doutoramento Júnior da Fundação “la Caixa” em 2023, desenvolveu dispositivos bioletrónicos capazes de interagir com organismos vivos ou sistemas biológicos, uma vez que todas as células do corpo humano têm carga elétrica.
Estes sistemas nanobioletrónicos são ativados por ultrassons, a partir do exterior, e podem ser usados na deteção e monitorização de sinais biológicos, bem como fornecer estímulos elétricos, ou de outros tipos, para influenciar processos biológicos.
“No caso do cancro, por exemplo, as células apresentam um padrão de atividade elétrica muito específico que desencadeia alterações do comportamento das mesmas. A compreensão das propriedades elétricas das células poderá permitir o desenvolvimento de ferramentas de diagnóstico e de novas terapias mais direcionadas e eficazes”, explica a investigadora. “O objetivo será travar o crescimento de células cancerígenas e corrigir a sua atividade biolelétrica. Esta tecnologia poderá também ser aplicada a doenças neurológicas como a doença de Parkinson e a epilepsia”, complementa.
Em testes com células de cancro da mama, este sistema conseguiu travar o crescimento tumoral e induzir a morte das células doentes, sem afetar as células saudáveis. Resultados preliminares em ratinhos também mostraram uma redução do tamanho do tumor. Daqui nasceu o projeto WireCAN, que a investigadora coordena.
O Técnico teve também investigadoras medalhadas nesta competição nas edições 2017 e 2018, Patrícia Baptista e Carina Crucho, respetivamente.
Em Portugal, o programa resulta de uma parceria entre a L’Oreal Portugal e a Fundação para a Ciência e Tecnologia e distingue projetos de elevado impacto social e científico, nas áreas da saúde e sustentabilidade marinha. O prémio consiste numa bolsa de 15 mil euros para usar na investigação em curso.